sábado, 26 de maio de 2012


Alucinação
milene sarquissiano


absorvo o absinto
 pressinto o absurdo
acesso o abstrato
aceno o obsceno
abstraio o obscuro
confesso o excesso
sorvo o sucesso
sumo possesso

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

DIÁVOLA



Diávola
milene sarquissiano


uma mulher vestida
mostra o melhor dela
enquanto não se revela
é uma viagem só de ida
avenida de mão única
congestionando olhares
é um cachaçal de loucura
tonteando veias
destilando alucinada
todo etílico veneno
que nela existe
uma mulher vestida
bole com o imaginário
do capeta e do vigário
leva uns pro paraíso
e outros pro purgatório

terça-feira, 22 de novembro de 2011

ALUADA


Aluada
milene sarquissiano


fatio o dia
em pedaços
de mil delícias
saboreio
lentamente
mas se à noite
a lua cheia
de açucar
escorrer
pela janela
pra dormir
no meu umbigo
me melar
e virar calda
perco o foco
e as metas
dou adeus
às dietas
devoro
de colherada

domingo, 6 de novembro de 2011

CAVALA


CAVALA

milene sarquissiano


cavala do tempo

repleta de noite
balança a crina
silente e elegante
enquanto desliza
negril na penumbra
engole a galope
cascos e cometas
pós e silhuetas
e todo caminho
que não seja pasto
que não seja vasto
prado e escuridão

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

EMBOSCADA


EMBOSCADA

milene sarquissiano

não é na força bruta
que se ganha a luta
nessa guerra de arranha
é preciso alguma manha
um olhar de emboscada
uma língua revirada
destemida e servil
que mire o inimigo
e finja que não o viu
pernas firmes e ligeiras
deslizando sorrateiras
frente à zona de perigo
chamando pro combate
sem direito de resgate
lábios seios e umbigo
e tudo mais
que morra e mate

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

FLOR(ESSÊNCIA)


Flor(essência)
milene sarquissiano


enquando as flores acordarem
espreguiçando sorrisos
sobre as pétalas do dia
matizando os grãos de orvalho
com (res)pingos de perfume
haverá sempre uma aurora
obcecada de amores
rompendo o ventre
das manhãs apressadas
haverá sempre um sol
lambendo as estradas
parindo um novo dia

domingo, 10 de julho de 2011

INSÍGNIA


INSÍGNIA
milene sarquissiano

vem ler o meu corpo
com a palma dos olhos
desossar os mistérios
do mapa de sangue

vem sacro e satânico
aridez e mangue
e caminha por ele
com a sola das mãos

depois da aventura
com a tinta da língua
faz verso na carne
põe tua assinatura

quinta-feira, 14 de abril de 2011

AGÔNICA


AGÔNICA
milene sarquissiano


mais do que ser bebida
na agonia de notunas taças
onde dor e cristais se (con)fundem
e a baunilha da lua escorre
feito baba de moça
nas bocas de lixo
não sabia que viver
ia além de respirar
não se pervertia
não se permitia
amargava a boca
pela falta de beijo
de rasgo nos lábios
de sulcos de sangue
e uma língua descalça
que ousasse brincar
no quintal da garganta
e se enchia de vinho
pra encher o vazio
do excesso de ócio
e da falta de cio

quarta-feira, 16 de março de 2011

MUSA

MUSA
milene sarquissiano

lua
me deixa ser teu céu
pra que imensa
eu te pertença
e tu me habites
infinitamente
lua
me deixa ser teu universo
posto que tu já és o meu
eternizada musa
nos meus miúdos versos

segunda-feira, 7 de março de 2011

LOUCA SIMBIOSE


LOUCA SIMBIOSE
Milene Sarquissiano

Levarei comigo o contorno dos teus traços
A saudade de nascer e morrer em teus braços.
Levarei a cor do céu quando ele escurece
E o adorarei qual beata em louvor à prece.

Levarei a saudade do que não se viveu
As cenas de amor, o beijo que se perdeu.
Levarei o frio da noite que estremece
E a lembrança que o meu corpo aquece.

Levarei teu riso como bem precioso
E a louca simbiose ecoando o gozo
Desvirginando flores pela madrugada,

Quando em meio à lua e à maresia
Rimávamos nossos corpos em poesia
E eu brotava rosa,por ti orvalhada.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

CONSUMAÇÃO


Consumação

milene sarquissiano


me consome
esse homem
cuspindo fogo
pelos poros
com mãos
em chamas
me chamando
pro incêndio
com lábios
em brasa
me queimando
o corpo inteiro
me consome
esse homem
escalando
sem culpa
meus altos
e baixos
decupando
sem pressa
meus seios
e sais
arranhando
com gana
meus discos
e ossos
me consome
esse homem
com fome
de bicho
nada preguiça
que estica
e se encolhe
que urra
e me curra
mastiga
e engole
e depois
morre
dentro de mim

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

DOÇURA


Doçura

milene sarquissiano


duas maçãs fresquinhas
uma xícara de chá
e aurora com bolachinhas

o que mais posso querer?

morar num campo florido
fazer com as flores um vestido
só pra você pousar em mim
feito beija-flor esfomeado

o que mais posso querer?

beijar teus lábios de pitanga
guardar os beijos num potinho
e quando der fome de doce
comê-los bem devagarzinho

é tudo o que eu quero

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

OFERECIDA


Oferecida

milene sarquissiano


quem sabe um dia
escondida no vento
voando ao acaso
eu esbarre em ti
numa esquina fria
feito fase de lua
ou fúria de maré
arrepie tua pele
e te faça gemer
o frio dos invernos
em pleno verão
quem sabe um dia
você entenda
que roçar umbigos
trançar pelos e coxas
e arranhar o céu da boca
com o voo de mil línguas
é a coisa mais linda
que eu tenho na vida
pra te oferecer: amor

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

INTRADUZÍVEL




INTRADUZÍVEL
milene sarquissiano

para Oswaldo Antônio Begiato


Toda linha é pouca
se a razão é louca.
Não cabe no verso
o tamanho do amor.
Perde-se de vista;
o olho não alcança.
Não cabe no verso
qualquer explicação.
O amor é uma língua
que só a nossa boca
sabe a tradução.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

PEGADAS


Pegadas
milene sarquissiano


vens no tremular das pálpebras
com longos cílios de sedução
deslizando no caule noturno
o néctar selvagem dos mistérios

vens na gratuidade do sereno
espreguiçando gotas sobre lençóis d'água
escrevendo a poesia úmida
que flui na correnteza dos olhares

vens na ousadia crescente da lua
entre nevoeiros de solidão
lambendo a poeira dos naufrágios
em carícias salgadas de além- mar

vens na maciez fresca da aurora
fundir-te em tronco à raiz do dia
roçando lábios no ventre da terra
deixando beijos como pegadas

terça-feira, 2 de novembro de 2010

ALTA TE(n)SÃO



ALTA TE(n)SÃO
milene sarquissiano

quando tocas com a íris
a ponta dos meus seios
e vês nos meus olhos
os teus em devaneios
o mundo parece que pira
o tempo parece que para
a gente perde a linha
e também o fio da meada
os lábios ficam grudados
imantados de cio e tesão
a língua em brasa arrebita
e duela com a outra aflita
lanha suga sobe desce
molha excita incita fere
e no ápice do atrito
entram em curto-circuito
então a vista escurece
e a terra toda estremece
não há santo que aguente
nem diabo que nos carregue

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

PRESSA


PRESSA

milene sarquissiano

amar

não dá
pra adiar

a
manhã

foi

amanhã...
...já era!

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

FOME


terça-feira, 14 de setembro de 2010

ARES DE PRIMAVERA



ARES DE PRIMAVERA
Milene Sarquissiano


Manhã de setembro que sou,
venho com meu corpo primaveril
repleto de bem-me-queres
e impregnado de suavidades,
à procura do amor-perfeito.

Trago no hálito de alfazemas
o frescor virgem do beijo prometido,
e chovo na aridez da tua boca
pétalas molhadas de desejos.

Tua língua vira um canteiro
onde borboleteiam gemidos,
zonzos de tanta paixão.

Não se engane comigo:
- tenho ares de primavera
mas sou mais quente que o verão
.

sábado, 4 de setembro de 2010

OLHOS


OLHOS
Milene Sarquissiano

AMENDOADOS
A MIM DOADOS
AMÉM.