quarta-feira, 29 de julho de 2009


Meu Guri!
(dedicado ao meu filho Luís Otávio)


A noite era fria e chovia tanto...
O vento açoitava furioso a vidraça
Em meio a risos, dores e pranto
Conheci o tal "estado de graça"

Há vinte e dois anos nascia
Na maternidade da Beneficência
Um guri, que de tudo fazia
Pra testar a minha paciência

Muitas noites mal dormidas
Acordadas por chorinho terno
Tinha o hobby de longas mamadas
Mas tinha que ser, logo no inverno?

Bola de gude, pandorga, figurinha
Lancheira, karatê e futebol...
Boletim, gangorra, e praçinha
Pirulito, e xixi no lençol...

O tempo fez do guri um homem
Que da minha saia, se desgrudou
Mas sou a mesma mãe de ontém
Ainda pergunto: filho, já se alimentou?


Milene Sarquissiano

domingo, 26 de julho de 2009



QUERO!
Milene Sarquissiano

Queria...
Me debruçar no algodão das nuvens
E bordar flores nos raios de sol
Para enfeitar as tuas manhãs

Queria...
Reger o canto dos pássaros
Fazendo da melodia, doce trilha
Para embalar os nossos corações

Queria...
Pintar meu corpo da cor do céu
E te fazer ver estrelas
No meu umbigo de lua cheia

Queria...
Me disfarçar de chuva fina
E fazer cócegas no teu corpo
Garoando nas tuas curvas

Queria...
Usar a linha do horizonte
Para escrever ternos versos
Fazendo da vida, lírica poesia

Queria...
Usar o verbo no presente
Para no futuro dizer:
Queria...hoje é passado!

...Quero!!



sábado, 25 de julho de 2009

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sexta-feira, 17 de julho de 2009

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segunda-feira, 13 de julho de 2009


AMOR INDECENTE
(meu primeiro poema)

A minha prenda tá diferente
Quer um amor tipo indecente
Me quer insano, despudorado
Fazendo cara de homem tarado!

Nas mãos, colocar algemas,
No corpo, chuva de alfazemas.
Venda nos olhos...ai! que perigo!
Beber champanhe dentro do umbigo.

E num ato típico de teatro
Sem dó, te botar de quatro
No meu pampa te fazer potranca
Cavalgando em tuas belas ancas.

Selar o feito com um belo grito
Sentir-se herói pela desenvoltura
Rir-se sozinho, de tão contente
Agradecendo à prenda o amor diferente.


Milene Sarquissiano
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MORRER EM TI
Milene Sarquissiano

Quero tremer a minha boca
Na umidade dos teus pêlos
Mergulhar em salgados mistérios
Navegar nos teus hemisférios

Quero assimilar teu gosto de mar
E me afogar em corais de prazer
Beber tuas loucas profundezas
Arrecifes de raras belezas

Quero trançar as nossas línguas
E ouriçar tua estrela-do-mar
Te prender nos meus tentáculos
Me molhar em teus obstáculos

Quero fazer do teu corpo
Um Havaí de perigosas ondas
E se a bandeira estiver escarlate
Deixe que eu morra...não me resgate!



PRESENTE
Milene Sarquissiano

Não passaste, tão pouco ficaste
Posto que és agora e presente
Doces lábios que nos meus tocaste
Açucaram mesmo quando ausente

Não há neblina, nem frio que faça
Nem os cristais dos pingos do sereno
Não há nada que esse amor desfaça
Nem a gota de qualquer veneno

Pois o calor da brasa da lareira
Arde intenso e sobremaneira
E queima até no forte do verão

E tua prenda espera faceira
A hora de se entregar inteira
Seja no inverno, ou noutra estação



MEDO!
Milene Sarquissiano


Ouça!

O silêncio
Esparramado...
Transeunte absoluto
no vácuo...

Perdido!

Na dobra
... dos detalhes.
Habitando sombras!
Vestindo...
...silhuetas.
Escondido...
...nas gavetas!

Sinta!

O perfume de neon
Cintilando...
...no nada!

Fragrância desbotada.

Cheiro
De melancolia...
...Camuflada
Em frascos vencidos!

Olhe!

A morbidez...
...rondando
Sustentando o eixo
Mantendo...
...vivo
O que já está...

Morto!!


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FOME
Milene Sarquissiano


Furiosa em minhas veias
Lateja uma vontade obcena.
Desejo de vadiar no teu corpo
Me perder nos teus atalhos...

Indômito animal, eu salivo,
Teu cio cheiro me apetece.
A minha fome é indecente
Tenho urgência da tua carne...

Mortificada em febril desejo
Transito em teu baixo ventre
Onde salgo a minha língua
Temperando meus sentidos...

Perco-me em teus vãos espaços
Na minha boca, tua intimidade.
Engulo-te escandalosamente
Vulcanicamente explodes lavas...



BANHO
Milene Sarquissiano

Escorre em mim feito calda
Que é pra lavar minh'alma

Desliza doce em cada curva
Que eu já tô ficando turva

Os olhos estão cerrados
Os lábios trancafiados

Arrepia meus pêlos
Da raiz aos cabelos

Te atreve! Me ferve!

Lubrifica meu instinto
Que é selvagem, não minto!

Adentra em minhas frestas
Desvenda as minhas arestas

Escorre pelos meus meios
Ouriça os meus rijos seios

Deságua em mim feito cascata
De tanto tesão, me mata!

Mistura teu líquido ao meu
Do teu vapor eu faço breu

Jorra teu jato forte e quente
Serpenteia o pecado eminente

Esporra em mim tua liquidez
Dá-me um banho de insensatez ...


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PORRE
Milene Sarquissiano

Só de olhar aquele homem
Eu tremia...suava...
Era um amor louco
Um amor encosto...
...obsessão!

Ele mal chegava perto
E eu já me punha nua...
Vulgar...
...atrevida!

O meu olhar...
...era ácido!
O meu batom...
...vermelho
Sangrava desejo!

Subia um calorão
nas coxas...
Dava um frio...
...na espinha
E eu perdia a linha!

E a gente se amava
Feito dois canibais em jejum!

E quando ele partia...
Eu bebia a tristeza
Misturada com rum...
...e saquê.
E ria...
...nem sei de quê!!