quinta-feira, 20 de maio de 2010

DOCE PALHAÇO


DOCE PALHAÇO
Milene Sarquissiano

Na cidade onde eu nasci
Havia uma loja de doces.
Eu ficava encantada
Com aquelas guloseimas.
Só de olhar a vitrine
Meus olhos açucaravam
E a boca salivava.

Mas logo vinha o aviso
Uma lágrima salgada
E tirava o doce da boca
Na melhor parte do sonho.

Um palhaço que passava
divulgando o novo circo
Vendo a minha tristeza
Fez uma cara engraçada
E eu cai na gargalhada.

Foi ali que eu entendi
Que para ser doce
Não precisa ser açucar.

Nunca mais chorei
Ao olhar a tal vitrine...

quinta-feira, 13 de maio de 2010

QUERES DANÇAR COMIGO?


QUERES DANÇAR COMIGO?
Milene Sarquissiano


Queres mesmo dançar comigo?
Mas não será uma dança qualquer
Nessa dança serás conduzido
Pelos desejos de uma mulher.

Quero que me pegues de jeito
E te abraçes à minha cintura.
Com os seios vou roçar teu peito
E ler teu corpo feito partitura.

Feche os olhos, se deixe seduzir
Na insanidade dos movimentos.
O melhor da dança está por vir...

É quando o juízo faz strip-tease
E nos vestimos de atrevimentos
Até que o amor em nós se eternize.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

SANGRIA DESATADA


SANGRIA DESATADA
Oswaldo Antônio Begiato

para Milene

Diante de ti, moura,louca e seminua,
-ora escrava,ora Rainha de Sabá-
com a pele da cor nobre da pantera
E a face cheia de olhos descortinados
É que faço brotar dos rascunhos pobres,
Tragando uma pungência aqui e outra acolá,
Poesias que tenho medo de revelar.

Femeal-maliciosa de corpo e alma-
Debruças diante de mim serpenteada
Com a boca em fogo implorando venenos;
Beijas-me com o beijo sutil da morte
Injetando insensatez nas minhas veias
Contaminando, uma a uma, as palavras
Que consomem, ávidas, meu sangue vivo.

Envenenado com meu próprio veneno
Morro na tua boca sangrando poesias.

SANGRIA DESATADA

Ganhei de aniversário


segunda-feira, 3 de maio de 2010

AZUL


AZUL
Milene Sarquissiano


Deita-me à rede de teus sonhos,
pra que eu possa embalar teus medos tolos
até que eles adormeçam no meu colo.

Então vem manso,
como rio passeando sobre o leito
e desemboca em mim teu olhar correnteza.

Mergulha teus olhos nos meus hemisférios
e invade com teu azul a minha imensidão.

Tu, profano e profundo, como o deus Netuno.
Eu, suave e serena, como Iara, a sereia.

Posta-te à frente do meu corpo.
À esquerda das tuas vergonhas.
À direita das tuas vontades.

Acima do meu ventre.
Abaixo do meu umbigo.
Onde escondo o perigo!

Cola tua boca à minha concha
e perpetua teu eco no horizonte.

Do sal...faz céu!